Atlético x Altitude: Os efeitos de jogar acima do nível do mar

Quem acompanhou as imagens do jogo do Atlético Mineiro pela Libertadores contra o Independiente Del Valle no dia 26, última terça-feira, pode ter se assustado. As imagens dos jogadores utilizando cilindros de oxigênio relembram os obstáculos que a altitude pode trazer para os times brasileiros.

Desacostumado a jogar na altitude, o Atlético Mineiro sentiu os efeitos do ar mais rarefeito, da menor pressão atmosférica e como consequência, menor oxigênio circulando nos pulmões. Afinal, jogar a 2700 metros acima do nível do mar não é uma tarefa fácil.

 

O Galo começou bem, com um belíssimo gol do jogador Hulk, que conquistou um grande marco de 50 gols pelo Atlético Mineiro. O finalzinho do primeiro tempo e o segundo, infelizmente foi dominado pelo Independiente Del Valle, que já está acostumado com a altitude jogando em casa, e acabou empatando com o time de BH. 

O próprio Hulk comentou em entrevista sobre as dificuldades que o time sentiu durante a partida: “O desgaste da viagem, jogar na altitude… Pra mim, particularmente, foi o primeiro jogo. A gente sente bastante. É difícil, quando dá um pique, demora um pouco pra recuperar.” – explicou ele.

 

Sempre que falamos em jogar em países como Equador, Bolívia, Peru e Colômbia, o tema altitude é uma pauta quase obrigatória. Tema que aprendemos na escola: conforme a altitude aumenta, o ar fica mais rarefeito. Isso significa que a composição do ar muda, com diminuição do percentual de oxigênio disponível. Em outras palavras, ocorre queda da pressão parcial de oxigênio. 

 

Pessoas que residem ou são nativos de regiões altas lidam com a situação de forma mais natural, pois o corpo passa por um processo de adaptação de longo prazo que permite viver melhor nessas condições. Já para quem não está acostumado a estar tão acima do nível do mar, os efeitos são quase sempre os mesmos.

Sonolência, dor muscular, fadiga muscular e mental, cefaléia, náusea e euforia, entre tantos outros, são sintomas que podem afetar tanto o organismo quanto a atividade mental, principalmente de um atleta. Durante o jogo, existe a alternância de momentos de grande esforço físico com outros de pouco esforço, exigindo bastante dos sistemas cardiovascular, pulmonar e muscular esquelético. Lembrando que, nem todos os organismos respondem da mesma forma e alguns jogadores podem sentir mais os efeitos da altitude do que outros.

 

Em 2007, a Fifa tentou proibir jogos internacionais acima de 2.500 metros de altitude, porém a regra sofreu forte rejeição da Conmebol (representando as federações da Bolívia, Equador, Peru e Colômbia) e foi rapidamente revogada.

 

Restam as equipes brasileiras utilizarem estratégias para que seus atletas não sofram tanto com a mudança de altitude, como por exemplo, chegar no destino próximo ao horário do jogo, o chamado “fly-in, fly-out”, já que assim sentem menos os impactos do ar rarefeito de curto prazo, acreditando que o organismo só começa a manifestar os sintomas a partir de 5-6 horas. Ou até mesmo, viajar com duas a três semanas de antecedência e treinar com intensidade reduzida nos primeiros dias para depois aumentar a carga.

A pressão entre os times com certeza aumenta diante de tudo isso, principalmente em momentos decisivos como do Atlético diante do time Independiente Del Valle, pela Libertadores. Jogos em altitudes elevadas exigem muito mais dos atletas, porque todos sabem que é um desafio a mais e não depende apenas do comprometimento e esforço de cada um, mas também receber o apoio e suporte necessário para encarar mais este desafio.

Autora

Paula
Soares

Paula Soares é redatora do Portal Alcides, formada em produção publicitária e ex-comentarista em um programa de esportes.

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