Como a sombra de Jorge Jesus interferiu no Flamengo de Paulo Sousa

Com tantos técnicos saindo antes do fim do contrato, Paulo Sousa foi mais uma vítima da sombra do treinador português.

O Flamengo de 2019 já está na história como um dos maiores times do futebol brasileiro. Sob o comando do treinador português Jorge Jesus, o Rubro-Negro conquistou seis títulos em um ano, sendo o Campeonato Brasileiro e a Libertadores com campanhas impressionantes. No entanto, desde a saída do técnico, o clube luta para conseguir repetir os feitos do português, mas acumula uma série de insucessos ainda que boa parte do elenco seja a mesma do ano mágico.

 

Depois de Jesus, outros quatro técnicos já passaram pelo clube: o espanhol Domenec Torrent, Rogério Ceni, Renato Gaúcho e o português Paulo Sousa. Em 2020, a equipe ainda conquistou o bicampeonato brasileiro com o trabalho que começou com o espanhol e que terminou com Ceni. No entanto, o título não foi suficiente para evitar um ano de altos e baixos e muita pressão. Torrent foi demitido após três meses de trabalho e substituído por Ceni que terminou o ano com a taça, mas sem cair nas graças do torcedor. 

 

Desde que saiu do Flamengo para assumir o Benfica em julho de 2021, Jesus sempre foi um fantasma para os substitutos. A relação criada com o elenco, diretoria e com a torcida teve uma sinergia que não chegou nem perto de ser reproduzida pelos demais profissionais. Prova disso é que o clube tentou trazer o treinador de volta no início deste ano, mas sem sucesso. Neste mês, Jesus acertou com o Fenerbahce, da Turquia, por um ano e frustrou qualquer chance de retorno na temporada. 

 

Sob o comando de Renato Gaúcho, no ano passado, o time terminou sem nenhum título expressivo. Com Paulo Sousa neste ano, o técnico enfrentou críticas desde o começo do trabalho. O time não engrenou no Brasileiro e desentendimentos com lideranças do time como Diego e Diego Alves deixaram o cenário ainda mais turbulento. 

 

A inconsistência foi uma marca do rubro-negro de Paulo Sousa. Sem grandes atuações, nem sequências de vitórias, foram muitas apresentações ruins. Com esse cenário, o Flamengo definiu a demissão do técnico na última quinta-feira(09/06), já anunciando seu substituto: Dorival Jr.

 

Paulo Sousa esteve com o Flamengo em 32 partidas como técnico, com 19 vitórias, 7 empates e 6 derrotas. Sem títulos, ficou com dois vice-campeonatos, o estadual e o da Supercopa do Brasil. O Flamengo atualmente ocupa a 14º colocação no Brasileirão.


Dorival Jr soma agora sua terceira passagem pela Gávea. Sua primeira passagem foi em 2012, naquele ano a equipe terminou o Brasileirão em 11º lugar, com 15 vitórias, 11 empates e 10 derrotas do time nesse período. Em 2018 voltou a comandar o Flamengo. Em 12 jogos, foram 7 vitórias, três empates e duas derrotas. 


Em comum há algumas situações que todos os técnicos pós-Jorge Jesus tiveram que enfrentar e que ajudam a explicar os insucessos: desunião no vestiário, pressão de membros do clube para a repetição do trabalho do português e falta de adaptação dos jogadores às diferentes metodologias desses treinadores. 


Resta a Dorival Júnior a incrível tarefa de montar um novo Flamengo, mesmo nesse momento de turbulência e crise interna. O Flamengo tem elenco o suficiente para subir na tabela e mostrar um melhor desempenho, e o técnico Dorival Júnior tem muito conhecimento teórico e uma imensa experiência para fazer o rubro-negro brilhar novamente. Juntos podem ser uma excelente combinação.

Autora

Lohanna
Lima

Lohanna Lima é jornalista com passagens pela editoria de esportes de alguns dos principais veículos de Belo Horizonte. Atualmente, na Rede 98 e no UOL.

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